quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz 2010!

Confesso que tinha planejado escrever mais posts nesse final de ano. Foi um ano muito especial para mim e queria fazer um fechamento escrito legal. Talvez tenha faltado inspiração (não gosto de reclamar de falta de tempo...) em meio a tantas mensagens - bonitas, batidas, chatas, longas, tocantes... - que recebemos.
Volto logo na primeira semana de 2010.
Um ano com muita sorte para todos nós!

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Top 10 - Confrontos

Continuando a série de listas da (nossa) década, chegou a hora dos confrontos (a do Ronalt já está lá). A de filmes, já discuti aqui. O Ronalt e o PJ também fizeram suas listas de músicas, respectivamente, aqui e aqui. Agora, confrontos.
Sim, eu sei. O conceito é polêmico, ambíguo. Tudo bem! Cada um pode ter o seu critério: importância histórica, imprevisibilidade do resultado, tensão,... Não sei se eu consigo enunciar o meu critério; provavelmente seria só a racionalização dos 10 confrontos que vieram à minha mente... Priorizei futebol e tênis, por motivos óbvios. Coloquei um de volei e um de futebol americano. Lá vão:

1. SÃO PAULO 1 X 0 LIVERPOOL, 18/12/2005: São Paulo tri mundial, na melhor partida de um goleiro da história (depois daquela falta do Gerard, nenhuma outra bola pode ser considerada 'indefensável'), impedimentos milimetricamente bem marcados e Chuck 'Mineiro' Norris...

2. BRASIL 2 X 0 ALEMANHA, 30/06/2002: Brasil penta mundial, com o Gordo metendo 2 golaços, na recuperação física mais incrível que já pudemos presenciar. A narração do Silvério no segundo gol arrepia até hoje.

3. NADAL 3 X 2 FEDERER, WIMBLEDON, 07/07/2008: Num dia difícil da minha vida, o melhor jogador de tênis da história perdeu na grama para o espanhol pela primeira vez, em um jogo que durou o dia inteiro...

4. FEDERER 3 X 1 RODDICK, WIMBLEDON, 06/07/2009: O melhor do mundo ratifica seu domínio, conquistando o 15º Grand Slam.

5. BRASIL 2 X 3 RÚSSIA, 26/08/2004: a seleção feminina do Brasil ganhava o 4º quarto por 24 a 19 e permitiu a virada, sendo tachada de 'amarelona' até os Jogos Olímpicos seguintes.

6. FRANÇA 1 X 0 BRASIL, 01/07/2006: na casa dos Pascales, confirmávamos a patética atuação do Brasil e seus baladeiros. O Roberto Carlos será para sempre lembrado por aquela 'arrumada de meia'.

7. GRÊMIO 1 X 1 CORINTHIANS, 02/12/2007: a 2ª comemoração de título do ano. A queda do time da Marginal me causou tanta felicidade quanto o título do meu São Paulo, algumas rodadas antes.

8. VITÓRIA 4 X 3 PALMEIRAS, 17/11/2002: Ah, Palmeiras... O ex-time grande de São Paulo também conheceu a Segundona...

9. NÁUTICO 0 X 1 GRÊMIO, 26/11/2005: na Batalha dos Aflitos, o Grêmio, com vários a menos, se safou de um penalti e ainda fez um gol no contra-ataque, conseguindo a volta à primeira divisão.

10. NEW ENGLAND PATRIOTS 14 X 17 NEW YORK GIANTS, 02/03/2008: Foi o jogo que me levou a admirar futebol americano também. O Patriots, favorito, poderia ser campeão invicto; ainda mais com um touchdown a poucos minutos do final. Mas numa campanha rápida e uma recepção com auxílio do próprio capacete, o Giants conseguiu a virada no último lance.

Foi triste deixar de fora: Liverpool 3 x 3 Milan, Brasil 3 x 2 Sérvia (no tie break mais demorado da história), Fluminense 3 x 1 São Paulo,...
Sem contar Poli 5 x 3 Porcada (2000), Poli 1 x 0 Porcada (2001), Poli 3 x 2 FEA (2005), Poli 9 x 3 Mackenzie (2000), USP 0 x 0 Ulbra (2001), Poli 3 x 2 EEFEUSP (2000)... Mas aí, é só pro meu mundinho...

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Um livro não lido...

Dizem que a melhor maneira de fazer seu filho ler é lendo bastante. (Meio óbvio, né...)
Confesso que não tenho uma forte recordação de minha família leitora na infância. A primeira 'estante para livros' na casa dos meus pais chegou quando meus irmãos e eu já éramos adolescentes. É verdade também que peguei um certo trauma ao ler 'Senhora', 'Amor de Perdição', 'Primo Basílio' (embora hoje, lembro dos enredos e me parecem legais). Muito metódico, eu anotava quantas páginas tinha que 'vencer' por dia para dar tempo de ler tudo antes da prova. Eram raros os livros que lia com prazer. Lembro de 'Escaravelho do Diabo' e um outro de uma turma que tinha uns códigos, cujo nome me foge. Clássicos, li com prazer 'Cortiço', 'Macunaima' e mais uns 2 ou 3.
Mas, sei lá o porquê, em um dado momento, minha mãe começou a ler por hobby mais frequentemente. Meu irmão também. E a febre pegou lá em casa. Dar livros de presente virou moda (tivemos que nos controlar). Desde então, fico puto quando vou a um médico e esqueço um livro para sala de espera. No metrô, na época da pós, a mesma coisa...
Aliás, parêntesis. Outro dia tive um evento na GV e, no metrô, vi MUITA gente lendo seu livrinho. Fiquei orgulhoso; foi um pouquinho de esperança na minha ranzinzice com o país.
Entrar na livrariacultura.com.br, na submarino.com.br,... é um prazer. De vez em quando, alguns amigos e eu nos juntamos para comprar da Amazon e economizar no frete...
Hoje, uma das partes da minha casa de que mais gosto é a minha - já bem respeitável - biblioteca.
Em época de amigos secretos, a lista de livros pendentes aumenta. Às vezes, até me sinto pressionado: o ritmo de entrada é muito maior que o de saída. Mas me conforto quando lembro de uma frase de um livro do Taleb:
'Um livro não lido é muito mais valioso que um lido'.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

E agora, José? Acabou...

Por definição, não rezo por futebol.
Também não costumo falar sobre futebol na minha terapia. Talvez devesse. Provavelmente meu humor no trabalho ou na vida pessoal esteja muito ligado aos resultados do futebol no final de semana... Que nada de autoconhecimento! É bola na rede e felicidade, bom humor e paz garantidos para próxima semana!! Como essa!

Enfim, acabou o Brasileirão.
Sou do time do PVC, dos que consideram o nosso Brasileirão um belo campeonato. Não gosto daquele saudosismo dos mais velhos. E acho que a comparação com a Europa é distorcida: talvez eles se saíssem melhor num quadrangular com os 2 melhores do brasileiro e os 2 melhores espanhois ou ingleses ou italianos. Mas o 3º, o 4º, o 5º,..., daqui são melhores que os deles... Mas isso é achismo - nunca teremos uma prova - ou, como diz o Balu, é só linguiça para ser enchida nos programas vespertinos de futebol.
A verdade é que gostei muito desse campeonato. Cheguei a considerar a hipótese do meu São Paulo brigar para não cair (tinha esquecido de que time grande não cai!); fiquei triste de verdade com a real possibilidade do Palmeiras campeão e a tolerância que deveria ter com meus amigos mais chatos; criei 15 piadas para o hepta do São Paulo (que terei que guardar para o ano que vem); e acabei não gostando de ter que aguentar meus parentes flamenguistas (eles realmente acreditam que Leo Moura e Bruno são jogadores de verdade... tsc tsc tsc)...
Não desmereço o Flamengo por ter sido o campeão com menor aproveitamento (59%, percentual normalmente considerado para briga por Libertadores), nem São Paulo, Inter, Atlético,... por perderem as chances de ser campeão. A verdade é que estava tudo mais nivelado.
Já tinha falado em outro post que achava improvável que o São Paulo fosse campeão esse ano. Não vou criar um blog só para apontar os erros de juízes (como tem de um palmeirense), como se houvesse uma conspiração universal. Em resumo, o que tinha dito é que a 'popularidade' do Brasileirão não ia muito bem das pernas fora de São Paulo, já que os 5 últimos títulos tinham ficado por aqui. Ou seja, era 'interessante' que São Paulo e Palmeiras não levassem. Flamengo campeão seria o melhor dos mundos. Livrar os 2 outros cariocas do rebaixamento, então, nem se fala... Não sou um gênio. PVC e Juca Kfouri também falaram a mesma coisa. E escrevi isso antes do procurador punir o Vagner Love por não ter 'tranças rubro-negras', antes da anulação ridícula do gol do Obina, antes de darem 2 jogos para um 2º amarelo do Jean, antes de darem 3 jogos para uma falta do Dagoberto pesada, mas idêntica a outras tantas que não deram mais de 2 jogos, de inventarem 'efeito suspensivo parcial' contra o São Paulo, de punirem o Dagoberto por dar risada, de tirarem o jogo do Flamengo contra o Corinthians do mando do Corinthians... Erro de juiz é uma coisa; de tribunal é outra...
É lógico também que, em um lugar mais decente, Corinthians e Grêmio seriam punidos. Dois dos principais jogadores do Corinthians 'se machucam' antes dos 20' do 1º tempo. O médico foi atender o Ronaldo e nem sabia onde espirrar o spray, já que ele não tinha colocado a mão em nada. O Felipe saiu da bola na hora do penalti. O Grêmio foi com 3 titulares, teve seu nome gritado no Maracanã e instruções claras de não chutar no gol. Não aceito o argumento de que o SP não fez a parte dele e, então, não pode reclamar: tivemos que jogar 38 jogos; o Flamengo teve que jogar 36 e ganhou 6 pontos de graça. É totalmente diferente. Num grupo de discussão com amigos, pensamos em soluções: direcionar clássicos locais para as últimas rodadas, parte das cotas de TV baseando-se na classificação do ano anterior (de tal modo que faça diferença ficar em 9º ou em 10º),..., mas não chegamos à nenhuma conclusão...
Mas os jogadores do Flamengo não têm culpa e merecem comemorar. O Flamengo foi um Cisne Negro, aquele evento altamente improvável que acontece de vez em quando. Sem estrutura, com troca de treinador, troca de presidente, com estrela que não treina e outra que veio para saldar dívida, salário atrasado... e campeões! Parabéns! Só não vamos achar que a várzea ganhará todo ano. Esse ano é exceção, não a regra.
Outra coisa que me chamou a atenção é a intenção da imprensa (e, para não ser tão genérico, senti isso mais na Sportv mesmo!) de colocar o 'hexa' na frente de toda vez que se fala 'campeão', forçando goela abaixo! Eu era muito criança em 1987 e, portanto, considero-me um tanto inapto a entrar na discussão com propriedade. Mas quero dar meus pitacos... Sendo pragmático, 1987 é do Sport de direito. Basta entrar no site da CBF. Lógico que houve um outro campeonato, provavelmente muito mais forte, em que o Flamengo se sagrou campeão, o que talvez o dê um título nacional de fato. Mas diferentemente de 2000, quando a mesma CBF fez um mesmo campeonato, só mudando o nome (Copa João Havelange) por razões bem específicas, 1987 teve, sim, um campeonato da própria CBF. Ou seja, talvez o título do Flamengo de 1987 possa ser comparado ao atual status da Copa do Brasil, isto é, de abrangência nacional, mas não 'o campeonato brasileiro'. Não vou me alongar. Essa é só minha verdade, dentre várias verdades possíveis... ;) O que me incomoda não é o eventual 6º título do Flamengo mas, sim, essa lavagem cerebral na tentativa de tirar a exclusividade do hexa são-paulino. Só quero lembrar que ainda precisam igualar 3 Libertadores e 3 Mundiais. haha. Essa foi só para provocar... ("Eu tento ser humilde. Meu time é que não deixa!").
Vou parar a choradeira por aqui. hehe. Até porque terminei o ano feliz. O espetáculo no Morumbi ontem foi SENSACIONAL. A torcida entendeu que não é possível ganhar todo ano. Quanto mais vezes consecutivas você ganha, mais próximo da derrota seguinte. Foi um pequeno sacrifício para termos mais anos de pontos corridos garantidos. E, pelo 7º ano consecutivo, estamos na Libertadores... Meu amigo Bola tem uma tese de que não ganhar o Brasileiro nos dará humildade para ganhar a Libertadores. Tomara.
E, se em 2006 a disputa foi com o Inter, em 2007 com o Santos, em 2008 com o Grêmio e em 2009 com o Flamengo, só existe uma certeza para o ano que vem: é o São Paulo e mais alguém disputando o título... Ah, e o Palmeiras... Vou respeitar o luto por enquanto...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Top 10 - Filmes

Como disse no post anterior, um grupo de amigos fez listas de melhores dos anos 00’s (2000 – 2009) em várias categorias. Começamos com filmes.
Segue a minha:

1.TROPA DE ELITE – 2007
Um filme que mudou o jeito do Brasil falar. É impressionante a quantidade de gírias e jargões que ficaram após o filme. E o pessoal do banco que o diga. Eu fiquei (mais) insuportável a partir do momento em que vi o filme. É possível passar semanas falando apenas na língua do BOPE. Para agravar, foi a música-tema do Reveillon e os vizinhos da casa de Paúba não devem ter gostado nada.
O que eu mais gosto no filme é o tapa na cara dos vermelhinhos-maconhinha – os ‘comunistas de AMEX’. O filme escancara: o lado da demanda também é culpado pelo tráfico.
Caveira, meu capitão!!



2.UMA MENTE BRILHANTE – A Beautiful Mind, 2001
Vi esse filme sem legenda no meu Summer Job em Wisconsin. Foi uma época difícil. Tinha ido viajar com minha namorada e terminamos por lá. Foi difícil porque eu não tinha uma ‘estrutura social’ para me apoiar.
O filme conta a história de John Nash, ‘criador’ da Teoria dos Jogos, um dos conceitos de economia mais útil no dia-a-dia, aplicável até no ‘approach’ a uma mulher. ;)
Para os ultra-racionais que aos poucos vão cedendo ao emocional, o discurso final é espetacular:



3.UMA LIÇÃO DE AMOR – I am Sam, 2001
All we need is love. Uma história espetacular de um pai com deficiência mental lutando pela custódia de sua filha. A conversa dos dois no quarto, quando a criança finge não saber ler para não 'ultrapassar' o pai intelectualmente, é uma das cenas mais marcantes do cinema para mim.



4.À PROCURA DA FELICIDADE - The Pursuit of Happyness, 2006
Vi esse filme com minha namorada na época, com a Ludy e com o Soneca. Você entra sabendo que é uma história real, ou seja, sabe que no final tudo acaba bem. Mas o filme vai passando e só desgraça acontece. 1h20 e só desgraça. 1h30 e só desgraça. 1h50 de filme e só desgraça. 1h55 e só desgraça. Aí, aos 49' do segundo tempo, tudo fica bem. A Ludy chorava de pingar... Ouvi críticas dizendo que é muito corporativo, isto é, enfatiza que o sonho e a vida perfeita de um americano é conseguir emprego numa grande empresa. Mas não deixa de ser um filme muito bonito e emocionante. Will Smith está brilhante.



5.OS OUTROS – The others, 2001
A crítica que se faz a esse filme é a de ter uma idéia muito parecida com a de Sexto Sentido, de 2 anos antes. Como eu não sabia, fiquei muito envolvido e o final me surpreendeu. Vi na casa de uma ex-namorada, que tinha perdido uma avó alguns meses antes. A lição que tirei foi: devemos ter mais medo dos vivos do que dos mortos.



6.VICKY CRISTINA BARCELONA, 2008
Vi o filme com uma amiga na época (e namorada alguns meses depois).
Era um momento difícil, pós término de outro namoro, e que me abriu um pouco a cabeça sobre o tal rompimento.
É um filme com todo tipo de relação sexual/amorosa e eu consegui me identificar com praticamente todos os personagens em pelo menos algum momento do filme. haha. É um balde de água fria em 'apaixonados'...
O que me marca no filme é a angústia: todos os personagens passam por algum conflito de relacionamento e acabam o filme do mesmo modo como começaram, como se estivéssemos condenados a enfrentar crises sem evoluir...



7.AMNESIA – Memento, 2000
Vi o filme com um pessoal da atlética da Poli, quando eu começava a me ‘enturmar’... A ordem não cronológica bagunçou minha cabeça. Saí com vontade de comprar o DVD urgente para ver a montagem na ordem cronológica.



8.GLADIADOR – Gladiator, 2000
Esse filme me faz lembrar os amigos da Poli da turma 2000 e nossas freqüentes viagens, especialmente para Micolândia, o sítio do Mico em Itu. Estreamos o home theater com esse filme. Era novidade para nós. A chuva do filme era muito real. Quando o pessoal gritava ‘Kill Kill Kill’, parecia que estávamos no próprio Coliseu. Além disso, os laços de família são muito marcantes; a cena da esposa e da filha, estupradas, penduradas e mortas, é muito forte.



9.SHREK 2, 2001
Vi com uma ex-namorada e um priminho de Minas visitando São Paulo. Pena que o filme definitivamente não é para crianças. Hehe. A quantidade de tiradas com outros filmes é impressionante. Adorei. Ah, e também tinha um dilema muito bom: Bussunda como Shrek ou Eddie Murphy como burro. Acabei vendo dublado e legendado. A trilha sonora também é espetacular. E outra cena que ficou para sempre é a ‘carinha do gato de botas’.



10.ONZE HOMENS E UM SEGREDO – Ocean’s Eleven, 2001 (DOIS MIL E UM DE NOVO!!!)
Não sou fã de filme muito mentirinha. Mas a imaginação para o tal golpe foi espetacular. O cara estava inspirado. O elenco é especial. Acho que já vi umas 7 vezes... haha



E confesso que foi muito triste deixar de fora (nessa ordem): ‘Antes de partir’, ‘Bastardos inglórios’, ‘Obrigado por fumar’, ‘Os infiltrados’, ‘Crash’, ‘Sete vidas’, ‘Quem quer ser um milionário’...
Gostei desse post!! Se incentivar alguém a assitir a algum desses filmes (que, por erro, ainda não tenha visto), já vai ter valido a pena...
Mais listas virão...

terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Os melhores da década

Inspirado pelo final do ano, meu amigo Ronalt teve uma ideia muito legal - logo acompanhada por outros amigos - de listar os 10 melhores da década em algumas categorias.
Sim, sabemos que oficialmente as décadas começam no ano '1' e terminam no ano '0', mas pedimos uma licença poética e vamos fazer o 'Top 10' dos anos 00's, ou seja, de 2000 a 2009. Ao longo de dezembro, vamos soltando as listas: as consolidadas no blog do Ronalt e as individuais em cada blog (PJ, Balu, Bola,..., entre outros).
Começamos pela lista de filmes. O critério é completamente subjetivo. Nossos experts Carol, Gui e PJ devem ter analisado puramente o filme: elenco, atuações, enredo, diretor, trilha sonora... O Ronalt pensou da seguinte forma: 'Do que vou lembrar daqui a 10~15 anos?'. Teve gente que fez cotas: um desenho, um brasileiro, um argentino, um europeu, um mela-cueca...
A minha tentativa de critério foi a situação em que vi o filme: companhia, local, momento,... Vou comentar cada um.
Enfim, acho que ficou muito legal! A lista de filmes com a pontuação consolidada já está lá no Ronalt. Amanhã solto meu post com minha lista, alguns trailers e comentários.
É divertido!

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

O que é meu, é meu; o que é teu, é nosso.

Uma das coisas que mais me incomoda na cultura brasileira é o conceito anti-lucro. Se uma empresa aumenta seu lucro ou um setor anda muito bem, ao invés de se parabenizar e tentar aprender com seus acertos, já se pensa: 'Hummm... O que eles estão fazendo de errado? Quem estão roubando?'. Os bancos - que, ok, não são nada santos - são as maiores vítimas...
Toco no assunto porque meu ramo, o de estacionamento, também sofre esse tipo de 'ataque' de vez em quando. Semana passada, decidiram isentar a cobrança de estacionamento em shoppings, desde que você gastasse 10 vezes o valor do ticket em compras. A decisão foi logo revogada pela Justiça, mas ainda deve dar muito pano pra manga.
A minha pergunta é: POR QUE teria que isentar? Por um acaso, o investidor (quem comprou ou quem aluga) conseguiu o terreno de graça? Não tem custo manter todo aquele espaço? Imagine um shopping sem estacionamento: teria a mesma demanda?
Não me parece que os estacionamentos dos shoppings estejam vazios, o que sugere que, embora pagando, a população ainda ache que valha a pena parar logo ali e pagar por essa comodidade.
Não me acusem de ser prejudicado por essa eventual decisão e, por isso, advogar em causa própria. Não temos a garagem de nenhum shopping e a maior empresa prejudicada seria uma concorrente, com quem não temos boa relação. Questiono só o conceito mesmo.
Não é a primeira vez que tentam meter o bedelho na indústria do estacionamento. Há algum tempo, queriam criar uma lei de cobrar por minuto. Teve uma empresa que trabalhava assim e faliu. O erro nesse conceito é que o carro que fica parado o dia inteiro (vamos supor 8 horas) não oferece muito mais risco do que um carro que ficou apenas 1 hora (com certeza não oferece 8 vezes mais risco...). O risco no estacionamento é basicamente na manobra de entrada e saída, ou seja, o minuto marginal não tem o mesmo valor dos minutos iniciais. Quando o poder público quer dar muito pitaco na forma de cobrança de uma empresa privada, algo está estranho...
Pra finalizar, cito um amigo nosso, do ramo: 'Acha que dá muito dinheiro? Então abra uma empresa, contrate manobrista, consiga terrenos e opere! Aí, você me conta...'

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Sou viciado...

Meus pais sempre me disseram que esporte é bom.
Meus pais sempre me disseram que vício é ruim.
E quando se é viciado em esportes???
Sempre gostei e fui praticante. Treinei sério futebol, futsal, handebol, basquete, pólo, tênis, squash e ainda brincava de volei.
Na Atlética da Poli, aprendi todas as regras: lutas, beisebol, rugby.
Até aí, normal...
Mas há alguns meses, entrei em um grupo de discussão VICIADO em esportes. Hoje, se chego em casa e não tem uma partida de tênis ou futebol americano ou mesmo beisebol (lógico a prioridade ainda é o nosso futebol...), sinto falta!
Fiquei preocupado! Tudo que é exagerado é ruim... ;)

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Solidão

Segue um texto brilhante que 'chupinhei' da página de uma amiga.
Para quem mora sozinho, toca uma pequena empresa e acaba de terminar o namoro é confortante.
E não deixa de ser uma mensagem para pessoa(s) querida(s), em um momento especial.

Que me desculpem os desesperados, mas solidão é fundamental para viver.
Sem ela não me ouço, não ouso, não me fortaleço.
Sem ela me diluo, me disperso, me espelho nos outros, me esqueço.
Sem ela os silêncios são estéreis e as noites sôfregas, povoadas de assombramentos e desejos insaciáveis.
Sem ela não percebo as saídas, os milagres, os espinhos.
Não penso solto, não mato dragões, não acalanto a criança apavorada em mim, não aquieto meus pavores, meu medo de ser só.
Sem ela sairei por aí, com olhos inquietos, caçando afeto, aceitando migalhas, confundindo estar cercado por pessoas com ter amigos.
Sem ela me manterei aturdido, ocupado, agendado só para driblar o tempo e não ter que me fazer companhia.
Sem ela trairei meus desejos, rirei sem achar graça, endossarei idéias tolas só para não ter que me recolher e ouvir meus lamentos, meus sonhos adiados, meus dentes rangendo.
Sem ela, e não por causa dela, trocarei beijos tristes e acordarei vazio em leitos áridos.
Sem ela sairei de casa todos os dias e me afastarei de mim, me desconhecerei, me perderei.
Solidão é o lugar onde encontro a mim mesmo, de onde observo um jardim secreto e por onde acesso o templo em mim.
Medo? Sim. Até entender que o monstro mora lá fora e o herói mora aqui dentro.
Encarar a solidão é coisa do herói em nós, transformá-la em quietude é coisa do sábio que podemos ser.
Num mundo superlotado, onde tudo é efêmero, voraz e veloz a solidão pode ser oásis e não deserto.
Num mundo tão volúvel, desencantado e ansioso a solidão pode ser alimento e não fome.
Num mundo tão barulhento, egoísta, atribulado a solidão pode ser trégua e não luta.
Num mundo tão estressado, imediatista, insatisfeito a solidão pode ser resgate e não desacerto.
Num mundo tão leviano, vulgar, que julga pelas aparências e endeusa espertalhões, turbinados, boçais a solidão pode ser proteção e não contágio.
Num mundo obcecado por juventude, sucesso, consumo a solidão pode ser liberdade e não fracasso.
Tempo e solidão são hoje os bens mais preciosos, o verdadeiro luxo.
Marque encontros com você mesmo. Experimente. Dê-se um tempo. Surpreenda-se.
Solidão é exercício, visitação. É pausa, contemplação, observação. É inspiração, conhecimento. É pouso e também vôo.
É quando a gente inventa um tempo e um lugar para cuidar da alma, da memória, dos sonhos; quando a gente se retira da multidão e se faz companhia.
Quando a gente se livra da engrenagem e troca o medo de ser só pela coragem de estar só.
Não falo de isolamento, nem ruptura ou apartamento. Adoro gente, mas mesmo assim, e talvez até por isso, preciso de solidão.
Preciso estar em mim para estar com outros. Ninguém quer ser solitário, solto, desgarrado.
Desde que o homem é homem, ou ainda macaco, buscamos não ficar sozinhos.
Agrupamo-nos, protegemo-nos, evoluímos porque éramos um bando, uma comunidade.
Somos sociáveis, gregários. Queremos família, amigos, amores. Queremos laços, trocas, contato.
Queremos encontros, comunhão, companhia. Queremos abraços, toques, afeto. É a nossa vocação.
Mas, ainda assim, revendo o poeta, ouso dizer: é preciso aprender a estar só para se gostar e ser feliz.
O desafio é poder recolher-se para sair expandido.
É fazer luz na alma para conhecer os seus contornos, clarear o caminho e esquecer o medo da própria sombra.
Existem pensamentos, orações, sorrisos, encontros e realizações que só acontecem quando estamos a sós.
Existem curas, revelações, idéias, lembranças que só podem vir à tona quando estamos sós.
Mesmo os momentos compartilhados só serão inesquecíveis se uma parte nossa estiver inteiramente só para apreender tudo que apenas a nós se revelará e tocará.
Existe uma pessoa que só conhecemos se conseguimos ficar sós: nós mesmos!
Seja amigo da solidão. Aceite seus convites, passeie com ela, desmistifique-a.
Não corra dela, não tenha medo. Desassombre-se. Ouse a solidão e fique em ótima companhia.
(Hilda Lucas)

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Controle? pffff...

Se existe uma coisa que a vida tem me forçado a aprender é que a gente não controla tudo que queria; na verdade, controla muito pouco ou quase nada.
Para pessoas metódicas como eu, é um constante sofrimento. Tocando uma empresa pequena, mais ainda. Passando por um forte processo de autoconhecimento, piorou!
Tenho lido bastante sobre 'acaso', 'eventos altamente improváveis', 'o desconhecido'.
Se eu fosse onipotente, muita coisa seria diferente... Mas não sei se seria melhor...

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Síndrome de Peter Pan

Já fui a DEZ InterUSP's. E, no ano que vem, vou de novo.
Já fui a 7 Engenharíadas e pretendo ir no ano que vem. Gosto muito da festa de matrícula da Poli e da palestra da atlética pros bixos. O Bichusp é beeem legal, ainda hoje. A corrida de rolimã ainda é um programa semestral.
Sexta passada foi dia de Corso (oficiosamente uma 'reunião no cliente na região do Pacaembu'). O Corso existe há algumas décadas marcando o início do Pauli-Poli, competição entre a nossa Poli e a Paulista de Medicina. Trata-se de uma guerra de fruta podre (que seria jogada fora!), originalmente entre 2 caminhões, que acabavam na porcada, medicina da USP, adversária em comum. Nos últimos anos, o 'confronto' tem como local a Praça Charles Miller, em frente ao Pacaembu (em dia de limpeza pública - mais 'consciência social'! haha)
É uma das poucas coisas que tem que ser feitas antes de morrer.
As pessoas se preparam de verdade. Vale tudo como escudo: tampa de lixo, madeirite, placa de trânsito,... Tem muita estratégia como, por exemplo, jogar vagem pro alto para jogar limão embaixo. Esse ano ainda teve batata e beterraba. São muito duros e com uma vida útil elevada (aguenta mais de 10 arremessos...): deveriam ser proibidos pela convenção de Genebra, segundo o PJ.
O Pânico da Rede TV esteve lá e mostrou a reportagem nesse domingo. Não por acaso, foi a pior audiência da história do Fantástico.





Sou uma criança feliz... haha

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

A resposta 'correta'

Se alguém te perguntar “E aí? Como está a vida?”, a resposta correta é “Putz... Tô trabalhando demais... Correria total. Estressadaço... Tô sugado! Não agüento mais meu trabalho”. Caso contrário, você estará fora de moda!
Trabalho em um grande pólo empresarial de São Paulo. Almoço 3~4 vezes por semana com amigos de empresas que ficam por ali e, com freqüência, encontro meus amigos do banco em que trabalhei. A conversa, invariavelmente, passa pelo trabalho. E, infelizmente, não conheço quem se diz satisfeito com o emprego ou com a qualidade de vida. Pior: até acho que tem gente que gosta do que faz, mas não fala. Ou se faz de coitado ou não quer chamar a atenção: “Se todo mundo reclama, será que eu tô feliz mesmo?”... hehe. Parece que pega mal dizer que está bem; talvez passe a impressão de acomodação e o ‘profissional moderno’ não pode ser relaxado...
Existe um vídeo brilhante no TED (aqui) que fala que nunca foi tão fácil ter uma vida 'boa' e, ao mesmo tempo e meio que paradoxalmente, tanta pressão no emprego.
Não sei se meu mundinho é mais competitivo e exigente ou se são mais casos genéricos de comparação e imitação econômica.
Quanto a mim? “Estou estressado, apanhando no trabalho, dando soco em ponta de faca, sugado...” Estou na moda!
Na minha viagem para o Nordeste em julho, visitei o Beach Park, em Fortaleza. E vivi uma cena marcante, contada pelo meu amigo Daniel. Existe um brinquedo chamado Acquashow, uma espécie de castelo com diversos brinquedos de água: canhões, mangueiras, baldes, moinhos, duchas, calhas... Por mais de 5 minutos, fiquei ‘brincando’ com um moleque de menos de 5 anos, que ficava me ‘atirando’ e eu fingindo que estava sendo acertado... O Daniel só olhando... Depois me disse: “Guarda essa cena para quando você estiver estressado”. E com uma freqüência maior do que a que eu desejava, essa cena vem à minha mente...

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Nascido para jogar

Depois do destaque em saltos ornamentais, ginástica olímpica, frisbee, futsal (como goleiro),..., chegou a vez do futebol americano (com equipamento!!!) ter o privilégio de ter meu irmão como jogador. Assistam ao vídeo abaixo. Ele é o número 20 do azul. Sem comentários! Monstro!
(Aliás, uma iniciativa bem interessante: campeonato brasileiro de futebol americano.)

Highlights Torneio Touchdown - São Paulo Storm X Sorocaba Vipers from Leonardo Sardinha on Vimeo.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Frases que marcam

Parênteses para o meu avô.

"Não morreste! Foste à frente de nós preparar um lugar, arrumar toda a casa para que o dia do reencontro tenha sabor de infinito" - lembrança das homenagens póstumas.

"A morte de um ente querido nos interpela: nós, vivos, estamos preparados para morrer e gozar a felicidade plena?" - Padre Celso, na missa do primeiro sufrágio.

sábado, 15 de agosto de 2009

Vida que vai, vida que vem

Sexta passada, recebi um SMS da minha mãe: "Iupi! Priminha nova no pedaço. Mãe e filha estão bem. Vida que vai, vida que vem". Fiquei tocado. Pelos dois.
Perdi meu avô 3 dias depois.
Maria Clara, priminha querida, seja bem vinda.
Seu Walter, descanse e olhe por nós.

If I Could
Jack Johnson

A brand new baby was born yesterday, just in time
Papa cried, baby cried, said your tears are like mine
I heard some words from a friend on the phone, didn’t sound so good
The doctor gave him two weeks to live
I’d give him more if I could

You know that I would now
If only I could

Down the middle drops one more grain of sand
They say that new life makes losing life easier to understand
Words are kind they help ease the mind, I’ll miss my old friend
And though you’ve got to go we’ll keep a piece of your soul
One goes out, one comes in

You know that I would now
If only I could

Tradução aqui.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Ele está chegando

Imagine que você está à beira mar e vê um navio partindo.
Você fica olhando, enquanto ele vai se afastando, e afastando, cada vez mais longe.
Até que, finalmente, parece ser um ponto no horizonte, lá onde o mar e o céu se encontram.
E você diz: - "Pronto, ele se foi".
Foi onde? Foi a um lugar que a sua vista não alcança, só isto!
Ele continua tão grande, bonito e importante como era quando estava perto de você.
A dimensão diminuida está só com você, não nele.
E naquele exato momento em que você está dizendo que ele se foi, há outros olhos vendo-o aproximar-se, e outras vozes exclamando em júbilo: "Ele está chegando".

De José Celso de Azevedo Júnior, amigo do meu pai.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Triste é não chorar...

(...)
Sim, nós estamos chorando. Mas não de tristeza.
Triste é não chorar. Triste é não ter com quem chorar, por quem chorar, porque chorar. Triste é ter coração duro para não chorar. Não é o nosso caso.

Vó, fique tranquila. Ele não vai te deixar. A diferença agora é que não precisamos mais falar alto na sua orelha direita. Basta fechar os olhos, falar baixinho... Ele estará nos ouvindo.

(...)
É hora de seguir seus ensinamentos: manter a família unida e cuidar dos vivos. É hora de cuidar da vista, do coração, do intestino; é hora de parar de fumar...
Ele continua nos olhando, pronto para nos zangar e nos amar...

sábado, 25 de julho de 2009

Cutucada

Richard Thaler será o próximo Nobel de Economia. Haha. É só um chute, metido a previsão.
Não sou suficientemente competente para julgar se seria justo (ou se existem outras pessoas mais merecedoras...), mas, no mínimo, eu gostaria.
Daniel Kahneman, Nobel de 2002, assumiu, no Congresso da ANBID em junho deste ano, que está ‘torcendo’ pelo colega Thaler.
Richard Thaler, professor da Universidade de Chicago, é o criador do conceito de nudge. A melhor tradução talvez seja ‘cutucada’ ou ‘empurrãozinho’. Por trás, está a idéia de ‘paternalismo libertário’. O próprio autor sabe que esses dois termos são quase antagônicos e com muita rejeição... Mas defende que, juntos, podem ajudar a resolver alguns problemas públicos e privados.
Sua teoria está enraizada na economia comportamental. Os agentes econômicos definitivamente não tomam as decisões ‘mais racionais’ (para se aprofundar no assunto, ver a Teoria do Prospecto de Kahneman – de novo ele – e Tversky). Cabe, então, a algumas entidades (empresas e gestores públicos) a criação de uma arquitetura de escolha que induza, empurre, cutuque as pessoas para uma decisão mais apropriada. ‘Paternalismo’ porque direciona para uma decisão mais correta e ‘libertário’ porque a pessoa sempre tem a opção de não tomar tal decisão. Pode-se dizer que nem sempre a tal entidade pode julgar o que é o ‘mais correto’. Sim, é verdade, e o nudge pode ser usado para o mal. Mas o fato é que existem comportamentos que são sabidamente desejáveis e as pessoas têm dificuldades para caminhar sozinhas na direção correta.
Para descomplicar, um exemplo: o ‘Poupe mais amanhã’. De maneira geral, os brasileiros têm muita dificuldade para poupar. Todo projeto de poupança se desmorona na primeira promoção. Uma cutucada que a empresa pode realizar é a criação de um contrato, já na admissão, com um percentual do salário sendo direcionado para uma poupança (ou um plano de previdência), crescente ano a ano. Ninguém quer poupar hoje, mas não liga de poupar amanhã. Quando se completa 1 ano, o percentual direcionado para poupança aumenta automaticamente e, por inércia, o funcionário deixa assim. É ‘paternalismo’ porque direciona para uma decisão (no caso, obviamente, saudável) e é ‘libertário’ porque o funcionário pode, a qualquer momento, desistir do plano.
Em um momento de crise, em que os fundamentos do livre mercado estão sendo questionados e a economia comportamental ganha força, não será surpresa um Nobel nessa linha.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Não

Mais um casal amigo, com muitos anos de namoro, se separou. Tem sido recorrente...
É lógico que, quando penso assim, estou influenciado pelo viés da ‘disponibilidade’, que Kahneman e Tversky detalham em sua ‘Teoria do Prospecto’: acontece quando um evento menos freqüente vem à mente com mais facilidade do que um mais corriqueiro porque ‘chama mais atenção’, distorcendo nossa noção de probabilidade. O exemplo clássico é a morte em um acidente de avião versus em automóvel. As pessoas normalmente têm mais medo de viajar de avião porque as quedas de avião são mais impactantes do que os acidentes de automóvel, embora muito mais pessoas morram num carro do que num avião. Quero dizer, tenho muitos casais amigos que ‘permanecem juntos’, mas isso chama menos atenção do que longos relacionamentos que terminam.
Viés à parte, continuo... Mais um casal amigo terminou.
Outro dia saiu uma reportagem na Folha analisando a quantidade de casamentos e de divórcios. A evolução do segundo quando comparado com o primeiro é incrível. Mas nem vou procurar o link da reportagem porque, no meu círculo de amizade, a maioria dos relacionamentos ainda está no status ‘namoro’ e não no ‘casamento’, hehe, e a pesquisa não capta esse estágio inicial.
No fundo, não acho que os relacionamentos da ‘geração dos meus pais’ eram mais bonitos, mais verdadeiros. Acho só que, hoje, as pessoas têm mais coragem de dar um pé. Não sou nem me proponho a falar como um especialista no assunto. São só palpites mesmo... Talvez a constante ascensão da posição da mulher na sociedade dê mais autonomia e coragem a elas. Talvez um ambiente profissional mais competitivo deixe as pessoas mais egoístas, com pouca paciência para viver a dois e considerando-se auto-suficientes. O fato é que os relacionamentos estão (ou, levando-se em conta o viés, pelo menos, parecem) mais efêmeros, ‘menos eternos’.
Não gosto de Chico Buarque, mas a canção não podia ser mais apropriada:
“Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada de um grande amor
Mentira”

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Sempre falta

Tenho a formação em exatas, mas nos últimos anos tenho desenvolvido um gosto especial pela Psicologia. Gosto do assunto. Gosto de terapia.
Os filósofos antigos ‘pensavam’ sobre todas as coisas... A separação ‘até aqui é Psicologia, a partir dali é Economia’ é um capricho dos últimos 2 séculos. Essa divisão cria uma zona cinzenta.
Na minha pós de economia, já tinha me interessado pela (única) matéria sobre Economia Comportamental. Esse ramo da economia não é muito bem visto pelo mainstream, talvez porque trabalhem com menos números...
Mais tarde, tive a oportunidade de ler “Psicologia Econômica: Estudo do comportamento econômico e da tomada de decisão”, da Dra Vera Rita Mello Ferreira, que faz um grande apanhado de tudo que já foi escrito nessa linha. Muito bom.
Com a minha nova vida profissional, fui atrás de algum curso de educação continuada (um bom hábito semestral que tenho desde que terminei a pós) que falasse sobre o processo de tomada de decisão, e fui parar no COGEAE/PUC com o curso “Psicanálise e Psicologia Econômica”, com a professora e doutora Vera Rita. (Ela está indo para a FIPECAFI. Aconselho fortemente!). Procurando algo sobre tomada de decisão econômica, ganhei de brinde uma palhinha de Psicanálise. Foi um excelente curso.

Acho que o interessante no aprendizado da Psicologia é a apresentação de alguns conceitos que fazem um grande ‘clique’ na hora que se ouve pela primeira vez. Depois, ao tentar se colocar num papel ou contar para um amigo, o tal conceito chega a ser bobo, de tão óbvio.
(Lógico que foram apenas algumas pinceladas, não podendo ser comparadas a qualquer disciplina meia-boca de um curso de graduação.)

Foi o que aconteceu comigo quando a Vera falou sobre a eterna sensação de ‘falta, ausência, incompletude’. Deu um ‘clique’, me percebi. A vida é isso.
A vida é saber lidar com a frustração.
O que te deixa triste pode até ser maior do que o que me deixa triste, mas se você tem uma estrutura melhor para lidar com essa frustração, você será mais feliz. Simples, né? Bobo até.
Mas nossa vida é isso. Quando estou com um problema no trabalho, nem me lembro dos rolos amorosos ou da minha família. “Se eu não estivesse com esse problema, seria feliz”, pensamos. Resolvo o pepino do trabalho e, no mesmo momento, parece que o clima com a família ficou mais tenso... Sempre falta alguma coisa. Não é raro ver nos sites de relacionamento (Orkut, Facebook, ...) pessoas que se definem “com medo, de tão felizes”. Excluindo as que escreveram isso apenas para se enganarem com uma falsa felicidade, as que estão realmente felizes sabem que daqui a pouco alguma coisa de ruim deve acontecer...
Kant falou em 1789: “Dê a um homem tudo o que ele deseja, e ele, apesar disso, naquele mesmo momento, sentirá que esse tudo não é tudo”.
Acho que os psicólogos chamam tudo isso de ‘impulso de vida’, aquela força que nos faz desejar acordar todo dia.
O ‘clique’ na aula falada deve ter sido melhor do que nesse texto...

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Numa ilha deserta

Um homem se vê sozinho numa ilha deserta, apenas com uma musa famosa. Sem muita opção, eles começam a se relacionar... Semanas depois, para não ficar na mesmice, ela se oferece para realizar 'qualquer desejo dele, o que ele mais quisesse'... Ele não pensa muito e sugere:
"Vista minhas roupas e dê uma distância de alguns metros. Quando eu falar 'já', comece a caminhar em minha direção". Sem entender muito, ela aceita. Quando estão chegando perto um do outro, o rapaz diz:
"Porra, cara! Você não sabe quem eu tô comendo!"

A piada ilustra o desejo que os homens têm de se vangloriar. Não tem valor transar com a musa famosa, se não se pode contar para ninguém.

Quando eu deixei de trabalhar no banco para começar a trabalhar no estacionamento, obviamente fiz toda a relação de prós e contras. Na lista dos 'contras', estavam a instabilidade do negócio, a responsabilidade civil, a falta de evolução técnica,...
Mas não tinha listado (porque não sabia!) o que mais sinto falta: a conversa diária, as pequenas conquistas compartilhadas. Não que o 'reconhecimento pelo bom trabalho' fosse um ponto forte do banco (aliás, longe disso...). Mas se eu conquistasse alguma coisa, implementasse algum projeto, batesse alguma meta, tinha mais gente por perto com que eu podia discutir, detalhar, descrever, me vangloriar (mesmo que não significasse uma promoção, ou um aumento ou nem mesmo um 'parabéns' do diretor...).

Na atual empresa, não tenho pra quem contar vantagem. Pelo estacionamento, não tem quem se interesse. E isso não é doce. Eu também não me interessaria. Quem quer saber se a reunião com o proprietário ou com a administradora nos garantiu mais alguns anos de contrato, se o inquilino ficou satisfeito com algum novo produto, se melhoramos o processo de sinistros com investimentos em CFTV, se automatizamos o envio do movimento do pátio para o escritório a cada 15 minutos? O senso comum prega que estacionamento é commodity. Não merece ser assunto, é 'comum'. E eu não compartilho as pequenas conquistas diárias.
Não conto pra ninguém quem eu tô comendo...

quarta-feira, 8 de julho de 2009

A vida como ela é

A oportunidade de tocar uma empresa de estacionamento me permitiu saber das notícias que estariam em um 'diário popular' diretamente pela boca dos meus supervisores.
Há pouco tempo, um funcionário faltou 4 dias, sem dar satisfação. Na sexta, quando apareceu, fomos perguntar o que tinha acontecido, se estava tudo bem. A resposta foi categórica: "Sabe o que que é... Comi a mulher de um vizinho e o cara tá querendo me matar. Precisei sumir por uns dias"...
Outro manobrista pediu uma antecipação de R$120. Quisemos saber o motivo e a resposta: "Para uma dentadura inteira". Com 120 reais??
Semana retrasada, um outro foi preso. Pensão. A única coisa que prende no país. Uma dívida de 13 vezes o salário bruto...
Hoje, eu poderia ter ido ao enterro da filha de 11 meses de um funcionário, que não resistiu a uma gripe. Triste.
O problema é quando começamos a nos acostumar, quando o coração fica menos tocado por tudo isso... A vida como ela é.
'Tá suave'...?

segunda-feira, 6 de julho de 2009

15x Federer: "um capítulo vivo da história"

Foi emocionante. O cara é incrível.
Como disse o PJ, o Roddick joga o melhor jogo da vida. Só que é contra o Federer e, portanto, perde.
Faço minhas as palavras do Ronalt em seu blog. Estamos vendo a história acontecer.
Um ano depois, na mesma quadra de sua (talvez) maior decepção, ele dá a volta por cima.
Sou fã do Roger Federer.
Pra finalizar, um vídeo da Nike, com o próprio Sampras homenageando o cara:

Amenizadores

Entendo que o anonimato em um trabalho voluntário o deixa até mais bonito. Aquela coisa de ‘fazer o bem’ só para ‘dizer que está fazendo o bem’ não é legal...
Mas, nesse post, não vou ser tão nobre e vou falar da minha vivência no assunto.
Aprecio muito o voluntariado. Acredito que é uma forma da sociedade civil fazer um pouquinho também. Não deixar tudo por conta do poder público. Nas entrevistas que realizo (em sua maioria, com candidatos a manobristas), quem fez algum tipo de trabalho voluntário já está contratado.
Conceitualmente, prefiro voluntariado ‘construtivo’ ao ‘assistencialista’ (Essas classificações são minhas. Não sei se os centros têm nomenclaturas mais adequadas). Já tinha trabalhado dando aulas de ‘Economias Pessoais’ em uma escola estadual, com o material da Junior Achievement de São Paulo.
Mas, no meio do ano passado, quis me aproximar de realidades mais ‘duras’, (talvez para esquecer as minhas) e pensei em trabalhar em hospitais (pois é, nada construtivo...). Recebi um email do Canto Cidadão – famoso por seus Doutores Cidadãos – e aceitei o desafio. Ainda arrastei minha prima Fê e minha amiga Mari.
Existe uma lei que obriga todo hospital público a ter um espaço para brinquedoteca. Essa ONG resolveu capacitar voluntários, junto com a Secretaria de Saúde, para deixar as salas de brincar por mais tempo abertas. Foram 3 meses de capacitação para atuar como ‘brinquedista’ em hospitais públicos. Depois, por uma questão burocrática, não pudemos mais usar o nome ‘brinquedista’ (só quem se graduou em terapia ocupacional pode!) e passamos a ser os ‘amenizadores’...
Achei os 2 fundadores do Canto meio ‘malas’, mas nossos instrutores Dr Penne Pelicano e Dr Miojo Pena Branca são pessoas especiais. Sou grato por eles terem aparecido em minha vida. Mudei alguns valores.
Enfim, no início desse ano comecei a atuar no Hospital Municipal Artur de Saboya, no Jabaquara. Uma brinquedoteca diferente, toda patrocinada pela Kibon. E, desde então, tenho alguns sábados tensos.
Fico das oito ao meio-dia. É muuuito tempo. Por ter muito brinquedo (o que no fundo é bom), as crianças geralmente não se fixam e ficam pulando de um em um. Quando já rodamos uns 4 ou 5 brinquedos, ainda são 8h45... O setor é grande. Cheguei a ter DEZ crianças ao mesmo tempo na sala. Geralmente pintamos, vemos DVD (‘Monstros SA’ e ‘Tigrão’), brincamos com o carrinho de cachorro-quente, tem boneca e carrinho, passamos pelo ‘Olho de Lince’ e ‘Quebra-Gelo’... Já brinquei com guache (mas me arrependi...)
Parece que é tudo lindo, tudo de bom, mas não é. É um clima tenso, uma energia pesada. Saio carregado. Já vi alguns tipos bem pesados de doenças e curativos. Lógico que para um profissional da área de saúde, tudo isso é frescura. Mas não é o meu caso...
Não espero que o trabalho voluntário seja prazeroso. É preciso que faça o ‘bem’; não necessariamente que ‘me faça bem’. Mas, concordo com o Dr Miojo quando disse, em uma das aulas, que o trabalho voluntário é, em essência, egoísta. Parece que buscamos eliminar os conflitos na nossa consciência, reduzir a tensão, como quem diz para si mesmo: ‘eu fiz minha parte’...
No final do mês, tenho uma oficina de dobraduras no Canto. Será mais um instrumento para ajudar a passar o tempo e de fato amenizar o ambiente. Mas não sei se duro muito. Vou começar a procurar outro egoísmo, mais ameno.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Live together. Die alone.

Quero discorrer sobre a natureza solitária das nossas tristezas, desafios, frustrações. Por mais que tenhamos família e amigos presentes, ‘meu’ problema é só ‘meu’.
“As nossas tragédias são sempre de uma profunda banalidade para os outros.” – Oscar Wilde.
Se eu tenho uma amiga que está chateada no trabalho, posso ouvir, conversar, dar meu ombro, mas ela vai ter que se virar sozinha. Se tenho um amigo que passa por um grande trauma amoroso, posso estar ao lado o tempo todo, mas ele vai ter que se superar por si só. Não adianta eu sofrer um pouco, para que ele sofra menos... Não é 'transferível'...
Fiz essa introdução para falar do meu avô.
Seu Walter completou 79 anos no último domingo. Tive o prazer de passar o dia ao lado dele. Fumante desde adolescente, meu avô tem sérias dificuldades para respirar. A capacidade pulmonar é ínfima; muito catarro e tosse o tempo todo, parecendo que mais alvéolos estão sendo eliminados. Triste. Sempre muito ativo, há alguns meses está 'condenado' ao sofá e à cama, com rápidas passagens pelo banheiro e pela mesa da cozinha para pouco comer. Nos últimos 2 anos, passou por constantes internações e depende do balão de oxigênio para dormir. Vou parar com a descrição...
Nesses 2 anos, toda vez que íamos visitá-los em Minas (a família do meu pai é de lá), despedíamo-nos com receio de que fosse a última vez. A possibilidade da morte foi ficando cada vez maior, mais presente. Sempre rezei para que ele viva enquanto queira e que queira por muito tempo. Mas ficava triste, óbvio.
Nesse último final de semana, foi um pouco diferente. Senti que meu avô está mais triste, mais solitário. Muito católico, sempre acompanhado da minha avó – mais católica, impossível – percebi que meu avô está sentindo a morte por perto e fica com receio do que vai acontecer de verdade... Tive a sorte de ter pouco contato com mortes, mas tenho a sensação de que não é mais tão comum 'morrer aos poucos'.
Meu avô sempre esteve cercado de muita gente: muitos irmãos, muitos filhos, muitos netos, muitos clientes,... Mas está tendo que enfrentar 'essa fase' sozinho... Lógico: está cercado de cuidados, medicações, carinho. Mas o desafio é só dele.
Como já faz tempo que ele está fraquinho, a imagem do meu avô superativo está ficando cada vez mais turva, mais distante. E é triste. A verdade é que meu avô não vive mais; apenas sobrevive. Fez o que tinha que fazer, cumpriu a missão, combateu o bom combate.
E eu, de minha parte, o 'liberei'. Seu Walter me ensinou sobre dois dos principais pilares da vida: FAMÍLIA e TRABALHO. Foi um exemplo nesses quesitos. E bem sucedido ao transmiti-los às gerações seguintes.
Sei que ele não vai ler este post. Mas logo vai saber não só o que eu escrevo, mas também como penso e ajo. E estará me protegendo.
Vô, obrigado. Fique em paz...