Uma das coisas que mais me incomoda na cultura brasileira é o conceito anti-lucro. Se uma empresa aumenta seu lucro ou um setor anda muito bem, ao invés de se parabenizar e tentar aprender com seus acertos, já se pensa: 'Hummm... O que eles estão fazendo de errado? Quem estão roubando?'. Os bancos - que, ok, não são nada santos - são as maiores vítimas...
Toco no assunto porque meu ramo, o de estacionamento, também sofre esse tipo de 'ataque' de vez em quando. Semana passada, decidiram isentar a cobrança de estacionamento em shoppings, desde que você gastasse 10 vezes o valor do ticket em compras. A decisão foi logo revogada pela Justiça, mas ainda deve dar muito pano pra manga.
A minha pergunta é: POR QUE teria que isentar? Por um acaso, o investidor (quem comprou ou quem aluga) conseguiu o terreno de graça? Não tem custo manter todo aquele espaço? Imagine um shopping sem estacionamento: teria a mesma demanda?
Não me parece que os estacionamentos dos shoppings estejam vazios, o que sugere que, embora pagando, a população ainda ache que valha a pena parar logo ali e pagar por essa comodidade.
Não me acusem de ser prejudicado por essa eventual decisão e, por isso, advogar em causa própria. Não temos a garagem de nenhum shopping e a maior empresa prejudicada seria uma concorrente, com quem não temos boa relação. Questiono só o conceito mesmo.
Não é a primeira vez que tentam meter o bedelho na indústria do estacionamento. Há algum tempo, queriam criar uma lei de cobrar por minuto. Teve uma empresa que trabalhava assim e faliu. O erro nesse conceito é que o carro que fica parado o dia inteiro (vamos supor 8 horas) não oferece muito mais risco do que um carro que ficou apenas 1 hora (com certeza não oferece 8 vezes mais risco...). O risco no estacionamento é basicamente na manobra de entrada e saída, ou seja, o minuto marginal não tem o mesmo valor dos minutos iniciais. Quando o poder público quer dar muito pitaco na forma de cobrança de uma empresa privada, algo está estranho...
Pra finalizar, cito um amigo nosso, do ramo: 'Acha que dá muito dinheiro? Então abra uma empresa, contrate manobrista, consiga terrenos e opere! Aí, você me conta...'
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