quarta-feira, 22 de julho de 2009

Não

Mais um casal amigo, com muitos anos de namoro, se separou. Tem sido recorrente...
É lógico que, quando penso assim, estou influenciado pelo viés da ‘disponibilidade’, que Kahneman e Tversky detalham em sua ‘Teoria do Prospecto’: acontece quando um evento menos freqüente vem à mente com mais facilidade do que um mais corriqueiro porque ‘chama mais atenção’, distorcendo nossa noção de probabilidade. O exemplo clássico é a morte em um acidente de avião versus em automóvel. As pessoas normalmente têm mais medo de viajar de avião porque as quedas de avião são mais impactantes do que os acidentes de automóvel, embora muito mais pessoas morram num carro do que num avião. Quero dizer, tenho muitos casais amigos que ‘permanecem juntos’, mas isso chama menos atenção do que longos relacionamentos que terminam.
Viés à parte, continuo... Mais um casal amigo terminou.
Outro dia saiu uma reportagem na Folha analisando a quantidade de casamentos e de divórcios. A evolução do segundo quando comparado com o primeiro é incrível. Mas nem vou procurar o link da reportagem porque, no meu círculo de amizade, a maioria dos relacionamentos ainda está no status ‘namoro’ e não no ‘casamento’, hehe, e a pesquisa não capta esse estágio inicial.
No fundo, não acho que os relacionamentos da ‘geração dos meus pais’ eram mais bonitos, mais verdadeiros. Acho só que, hoje, as pessoas têm mais coragem de dar um pé. Não sou nem me proponho a falar como um especialista no assunto. São só palpites mesmo... Talvez a constante ascensão da posição da mulher na sociedade dê mais autonomia e coragem a elas. Talvez um ambiente profissional mais competitivo deixe as pessoas mais egoístas, com pouca paciência para viver a dois e considerando-se auto-suficientes. O fato é que os relacionamentos estão (ou, levando-se em conta o viés, pelo menos, parecem) mais efêmeros, ‘menos eternos’.
Não gosto de Chico Buarque, mas a canção não podia ser mais apropriada:
“Exijo respeito, não sou mais um sonhador
Chego a mudar de calçada
Quando aparece uma flor
E dou risada de um grande amor
Mentira”

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