sexta-feira, 10 de julho de 2009

Numa ilha deserta

Um homem se vê sozinho numa ilha deserta, apenas com uma musa famosa. Sem muita opção, eles começam a se relacionar... Semanas depois, para não ficar na mesmice, ela se oferece para realizar 'qualquer desejo dele, o que ele mais quisesse'... Ele não pensa muito e sugere:
"Vista minhas roupas e dê uma distância de alguns metros. Quando eu falar 'já', comece a caminhar em minha direção". Sem entender muito, ela aceita. Quando estão chegando perto um do outro, o rapaz diz:
"Porra, cara! Você não sabe quem eu tô comendo!"

A piada ilustra o desejo que os homens têm de se vangloriar. Não tem valor transar com a musa famosa, se não se pode contar para ninguém.

Quando eu deixei de trabalhar no banco para começar a trabalhar no estacionamento, obviamente fiz toda a relação de prós e contras. Na lista dos 'contras', estavam a instabilidade do negócio, a responsabilidade civil, a falta de evolução técnica,...
Mas não tinha listado (porque não sabia!) o que mais sinto falta: a conversa diária, as pequenas conquistas compartilhadas. Não que o 'reconhecimento pelo bom trabalho' fosse um ponto forte do banco (aliás, longe disso...). Mas se eu conquistasse alguma coisa, implementasse algum projeto, batesse alguma meta, tinha mais gente por perto com que eu podia discutir, detalhar, descrever, me vangloriar (mesmo que não significasse uma promoção, ou um aumento ou nem mesmo um 'parabéns' do diretor...).

Na atual empresa, não tenho pra quem contar vantagem. Pelo estacionamento, não tem quem se interesse. E isso não é doce. Eu também não me interessaria. Quem quer saber se a reunião com o proprietário ou com a administradora nos garantiu mais alguns anos de contrato, se o inquilino ficou satisfeito com algum novo produto, se melhoramos o processo de sinistros com investimentos em CFTV, se automatizamos o envio do movimento do pátio para o escritório a cada 15 minutos? O senso comum prega que estacionamento é commodity. Não merece ser assunto, é 'comum'. E eu não compartilho as pequenas conquistas diárias.
Não conto pra ninguém quem eu tô comendo...

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