Richard Thaler será o próximo Nobel de Economia. Haha. É só um chute, metido a previsão.
Não sou suficientemente competente para julgar se seria justo (ou se existem outras pessoas mais merecedoras...), mas, no mínimo, eu gostaria.
Daniel Kahneman, Nobel de 2002, assumiu, no Congresso da ANBID em junho deste ano, que está ‘torcendo’ pelo colega Thaler.
Richard Thaler, professor da Universidade de Chicago, é o criador do conceito de nudge. A melhor tradução talvez seja ‘cutucada’ ou ‘empurrãozinho’. Por trás, está a idéia de ‘paternalismo libertário’. O próprio autor sabe que esses dois termos são quase antagônicos e com muita rejeição... Mas defende que, juntos, podem ajudar a resolver alguns problemas públicos e privados.
Sua teoria está enraizada na economia comportamental. Os agentes econômicos definitivamente não tomam as decisões ‘mais racionais’ (para se aprofundar no assunto, ver a Teoria do Prospecto de Kahneman – de novo ele – e Tversky). Cabe, então, a algumas entidades (empresas e gestores públicos) a criação de uma arquitetura de escolha que induza, empurre, cutuque as pessoas para uma decisão mais apropriada. ‘Paternalismo’ porque direciona para uma decisão mais correta e ‘libertário’ porque a pessoa sempre tem a opção de não tomar tal decisão. Pode-se dizer que nem sempre a tal entidade pode julgar o que é o ‘mais correto’. Sim, é verdade, e o nudge pode ser usado para o mal. Mas o fato é que existem comportamentos que são sabidamente desejáveis e as pessoas têm dificuldades para caminhar sozinhas na direção correta.
Para descomplicar, um exemplo: o ‘Poupe mais amanhã’. De maneira geral, os brasileiros têm muita dificuldade para poupar. Todo projeto de poupança se desmorona na primeira promoção. Uma cutucada que a empresa pode realizar é a criação de um contrato, já na admissão, com um percentual do salário sendo direcionado para uma poupança (ou um plano de previdência), crescente ano a ano. Ninguém quer poupar hoje, mas não liga de poupar amanhã. Quando se completa 1 ano, o percentual direcionado para poupança aumenta automaticamente e, por inércia, o funcionário deixa assim. É ‘paternalismo’ porque direciona para uma decisão (no caso, obviamente, saudável) e é ‘libertário’ porque o funcionário pode, a qualquer momento, desistir do plano.
Em um momento de crise, em que os fundamentos do livre mercado estão sendo questionados e a economia comportamental ganha força, não será surpresa um Nobel nessa linha.
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