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[Segundo Robert Conquest,] a primeira [das '3 leis da
política'] afirma que toda a gente é de direita em relação àquilo que sabe
melhor. Com 'direita', queria dizer desconfiado em relação ao entusiasmo e à
novidade e respeitoso para com a hierarquia, a tradição e os modos
estabelecidos.(...)
Claro que precisamos de originalidade, tal como podemos
precisar de soluções radicais quando as circunstâncias mudam radicalmente
(...), quando as condições são excepcionais; e era contra o desejo de
considerar todos os casos excepcionais que Conquest estava a prevenir.
(As outras 2 leis são:
- qualquer organização que não seja explicitamente de
direita torna-se mais tarde ou mais cedo de esquerda; e
- a maneira mais simples de explicar o comportamento de
qualquer organização burocrática é presumir que é controlada por um grupo de
inimigo seus.)
O pessimismo (...) encoraja-nos a fazer contas ao preço do
fracasso, a formar uma ideia da pior das hipóteses e a correr riscos com plena
consciência do que acontecerá se os riscos não compensarem. O otimista
inescrupuloso não é assim. Dá saltos de pensamento (...). Solicitado a optar em
condições de incerteza, imagina o melhor dos resultados e pressupõe que não
precisa pensar em mais nenhum (...), se esquece de fazer as contas do custo do
fracasso ou então - e este é o aspecto mais pernicioso - projeta a endossá-lo a
outrem.
O pessimismo judicioso ensina-nos não a idolatrar seres
humanos mas a perdoar os seus erros e a lutar em privado pela sua emenda.
Ensina-nos (...) a manter
abertas as instituições, os costumes e os procedimentos através dos quais se
corrigem os erros e aos quais se confessam as faltas, em vez de visar algum novo
arranjo em que nunca se cometam erros. (...)
O pior tipo de otimismo é aquele que (...) fez acreditar que
tinham posto a espécie humana no caminho de uma solução de problemas da
História e os fez destruir todas as instituições e todos os procedimentos
através dos quais é possível corrigir erros.
Os críticos dos otimistas inescrupulosos não só, segundo
eles, estão errados, mas são o mal, ansioso por destruir as esperanças de toda
a espécie humana e por substituir a amabilidade cordial para com a nossa espécie
por um cinismo cruel. (...)
Sei que nenhum otimista será convencido [pelos meus
exemplos]. É uma das características mais notáveis da mentalidade otimista
nunca aceitar a responsabilidade pelos efeitos das suas próprias crenças nem
reconhecer o perigo das falácias que a guiaram.
Qualquer
tentativa de construir o Céu na Terra será ao mesmo tempo presunçosa e
irracional. (...)
Na verdade, provavelmente uma das funções da religião é
neutralizar o otimismo. Ao transferir as nossas esperanças mais especulativas
da arena da ação mundana para uma esfera que não podemos alterar, uma fé
transcendental liberta-nos da necessidade de acreditar que estão ao nosso
alcance mudanças radicais. (...) Ênfase na piedade e na cautela.
As pessoas escrupulosas vêem a ordem da sociedade não como
uma coisa imposta como meta e conseguida pelo esforço partilhado mas como algo
que emerge por meio de uma 'mão invisível' das decisões e dos acordos que não a
tinham como intenção.
Aceitam
o mundo e as suas imperfeições, não por não poder ser melhorado, mas porque
muitos dos melhoramentos que importam são subprodutos da nossa cooperação em
vez de seu objetivo.
Reconhecem que a 'mão invisível' tanto produz maus como bons
resultados e que há necessidade de liderança e de orientação para gerir com
êxito as emergências. Todavia, também reconhecem que a sabedoria raramente se
contém numa única cabeça e que é mais provável que esteja guardada como relíquia
nos costumes que resistiram ao teste do tempo do que nos esquemas de radicais e
ativistas.
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