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Aos seus olhos [dos revolucionários franceses], liberdade
era bom, igualdade era bom e fraternidade era bom, pelo que a combinação era
três vezes bom. É como dizer que lagosta é bom, chocolate é bom, ketchup é bom,
pelo que lagosta em chocolate e ketchup é três vezes bom.
Robespierre prometeu fanaticamente o 'despotismo da
liberdade', (...) uma contradição. (...)
Viram que o objetivo da igualdade exige a destruição da
liberdade.
Objetivos que não podem ser promovidos em conjunto; isto é a
falácia da agregação.
Os
assaltos à liberdade com que os norte-americanos até aqui se deleitaram a realizar-se, em
regra, em nome da liberdade. Por exemplo, quando a liberdade de
um empregador de empregar quem ele desejar for eliminada por políticas de 'não
discriminação', isso é justificado como 'atribuição de poder' e por isso 'libertação'
de minorias anteriormente oprimidas. (...)
Não são como os direitos individuais; (...) São diretos de
'grupo' - direitos de uma pessoa tem em virtude de ser mulher, homossexual, ...
Este novo tipo de direito é inventado para justificar a
discriminação em nome da não discriminação. É um modo de eliminar direitos
individuais. (...) Vai contra o significado global de liberalismo na sua forma
clássica, que visava proteger o indivíduo do grupo. (...)
Todavia, os liberais norte-americanos não tem dúvidas no seu
espírito de que são eles, e não seus adversários conservadores, os verdadeiros
defensores da liberdade individual no mundo moderno. O desejo de igualdade é,
aos seus olhos, nada menos do que o desejo de tornar a liberdade igualmente
disponível. (...)
E o único agente capaz desse ato em grande escala de
atribuição de poder é o Estado.
O
conflito ilustra o modo como liberdade e igualdade estão em guerra, bem como o
modo como as pessoas tomam partido na guerra sem admitir a sua existência.
(...)
Daí,
poder-se ser 'liberal' e dedicar-se à destruição das liberdades que se
intrometem no caminho da igualdade.
[Esquerdistas] Interpretam liberdade de uma nova maneira,
como sendo concedida pela 'luta' pela igualdade. As liberdades defendidas por
conservadores (...) são 'formas de dominação'. (...) A procura da liberdade na
sua 'verdadeira forma' envolve a erradicação da dominação. (...)
Daí, ao mesmo tempo que faz campanha a favor da expansão do
Estado na esfera pública, o novo tipo de vontade liberal fazer campanha a favor
da exclusão do Estado da esfera privada.
Adam Smith via claramente que liberdade e moralidade são
duas facetas da mesma moeda. (...) Uma sociedade livre (...) não é uma sociedade de pessoas libertadas de
toda a restrição moral, pois isso é precisamente o oposto de sociedade. Sem
restrição moral não pode haver cooperação, nem compromisso familiar, nem
perspectivas de longo prazo, nem esperança de ordem econômica, quanto mais
social.
Deste modo se molda a nova agenda social: o controle do
Estado sobre todos os aspectos da vida pública; a total liberação na esfera
privada. Se uma sociedade assim constituída consegue sobreviver e se consegue
reproduzir-se são ainda questões em aberto (...). Todavia, a capacidade dos
reformadores liberais de ignorar os sinais de decadência social (...) não
constitui a mínima prova assinalável de que vivem num mundo de falsas
esperanças.
Qualquer pessoa que tenha estudado o destino dos impérios e
as dificuldades de estabelecer jurisdição territorial sobre comunidades que
diferem em religião, língua e costumes conjugais sabe que a missão é quase impossível
e ameaça constantemente soçobrar transformando-se em fragmentação, tribalismo
ou guerra civil.
Todas as culturas concedem benefícios às pessoas que crescem
em seu seio e as culturas que resistiram ao teste do tempo dão, por isso, prova
das suas virtudes. Mas NÃO se segue que essas muitas formas do bem possam ser
agregadas. (...)
O multiculturalismo não substituiu esse programa; destruiu-o
pura e simplesmente.
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