terça-feira, 8 de outubro de 2013

Não seja tão quadrado


Embora já bem freqüente na Europa e na Austrália, os americanos ainda são muito reticentes com relação à implantação de rotatórias. [No Brasil, então...]

Esse estranhamento se deve, obviamente, ao costume de toda uma geração que cresceu confiando na lógica binária (pare-siga) e se sente desconfortável com uma situação ‘meio difusa’ que parece governar numa rotatória. Ele cita também o ‘viés da disponibilidade’: um autoengano psicológico, no qual um evento mais raro vem à mente com mais facilidade. No caso, americanos que visitam cidades européias e não se sentem bem nas rotatórias de lá. O engano se dá simplesmente por não estarem acostumados e ficarem pouco tempo para se adaptar. Um europeu, acostumado, já não sente o mesmo.

Vanderbilt também diferencia o modelo 'bom' dos 'antigos': se é muito grande, se a preferência não é de quem já está na rotatória ou se existem semáforos, não se trata do ‘bom modelo’ para rotatórias.

Para argumentar sobre as vantagens das rotatórias sobre os cruzamentos, o autor cria um acróstico mnemônico: STEP.

S de ‘safety’, segurança. Os cruzamentos são os locais com a maior quantidade de acidentes e de acidentes fatais. As rotatórias eliminam a ‘virada à esquerda’, grande vilã do trânsito, e a quantidade de ‘pontos de contato’. Os motoristas precisam diminuir a velocidade para entrar na rotatória; ou seja, mesmo que haja alguma colisão, será menos grave por ser em velocidade menor. Eliminando a faixa dedicada a quem espera para virar à esquerda num cruzamento normal, a largura da via pode diminuir, facilitando a travessia do pedestre. Os números na Austrália, na Europa e até nos EUA já comprovam essa redução. [Nota minha: no Brasil, provavelmente as rotatórias também podem eliminar os assaltos enquanto se espera o sinal verde.]

T de ‘time’, tempo. A velocidade em um determinado momento não pode ser confundida com tempo total da viagem. Menos batidas, menos ciclos de aceleração/desaceleração e menos espera pelo sinal verde faz com que os tempos gastos em trajetos com rotatórias sejam menores. Os números comprovam.

E de ‘energy’, energia. Os ciclos de aceleração/desaceleração, típicos de cruzamentos tradicionais, são sabidamente os momentos de maior consumo de gasolina. As rotatórias trarão economia.

P de ‘public space’, espaço público. O centro da rotatória pode servir para algum jardim ou monumento. A faixa de espera para virar à esquerda pode ser reaproveitada. A velocidade mais lenta pode fazer com que os motoristas percebam mais o comércio ao longo das vias. Em suma, o ambiente fica mais harmonioso.

Como pontos de atenção, Vanderbilt diz que alguns cruzamentos já estão tão saturados que a rotatória pode não ser mais tão eficiente (assim como o cruzamento já não o é). Outra questão é uma eventual dificuldade de iniciantes para ‘entrar’ nas rotatórias.

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