quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Cartas a meu filho

IX

Filhos, eu tenho um ídolo. Ídolo na concepção mais admiradora: eu queria ser ele.
Suas principais virtudes são meus maiores defeitos: ele é querido onde chega, é bom no que se propõe a fazer, é easygoing e não está nem aí pra tudo isso. É assim sem nem se esforçar, quase sem perceber.
Mas ele levou uma porrada da vida. Ele sofre, eu sofro. Mas - claro - minha sofrência não diminui a dele, não acelera a cura dele. E isso me angustia. 
Se eu pudesse dar um pitaco pra Deus, pediria pra Ele rever a questão da angústia do homem. Ao contrário da multiplicação que ocorre - cada um que fica sabendo aumenta o quantum de sofrimento -, poderia haver alguma possibilidade de divisão: ao sofrer um pouco por ele, ele passaria a sofrer um tanto menos...
Que passe logo.
Vai passar.

Amo vocês.

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