quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Só queria um jogo de ideias

Nessa última semana, em mais uma discussão de política, meu ainda(?) amigo Soneca quis me provocar dizendo que, se a candidatura da Dilma fosse cancelada, a Marina ganharia do Serra. Não me senti atacado, não me ofendi.
Não tenho nenhum problema em ‘perder’ as eleições. Já perdi algumas, já tive que escolher entre Marta e Maluf (afe, meu Deus!), e vou perder outras tantas...

O que me incomoda e altera minha pressão é o modo como as coisas estão acontecendo.

Queria acreditar que é simplesmente uma vitória dos que pensam diferente de mim, num justo jogo de ideias. Mas o que me apavora é a possibilidade, cada vez mais descarada, de segundas intenções... Já volto nesse ponto.

Se os 55% que dizem votar na Dilma estão votando porque concordam com o projeto que ela desenha para o país, eu coloco minha viola na sacola e vou pra casa. É o preço que se paga para viver numa sociedade democrática: a possibilidade de ser minoria e não ter seus anseios atendidos. Mas tendo a acreditar que não é por aí...

Talvez seja uma equação de uma variável só: economia. Essa idéia é defendida pelo meu amigo PJ. Economia boa, situação vence; economia ruim, oposição vence. Posso espernear dizendo que o momento da economia se deve muito pouco a filosofia e a ação do atual governo mas se for só isso, menos mal também.

Volto às segundas intenções. A mistura entre Estado, governo e partido; a sindicalização (mais que aparelhamento) do Estado; o enfraquecimento das instituições; as tentativas sistemáticas de controlar imprensa (a mais recente aqui); a tentação de acabar com a oposição não são atos isolados.

Li uma boa análise do ‘outro lado’ no blog petista ‘Na Pratica a Teoria é Outra’ defendendo a sindicalização do Estado como uma situação natural, apenas com o intuito de colocar pessoas alinhadas com o partido vencedor das eleições. Queria acreditar...

Sigo o presidente do PT, José Eduardo Dutra, no twitter. Tenho convicção de que eles fazem qualquer coisa para ganhar a eleição. É nítida a sensação de que ‘os fins justificam os meios’. Eles estão passando por cima das leis (já são mais de 10 multas eleitorais), fazem pressão na procuradora, menosprezam os juízes, usam a Receita...

De novo, faço a pergunta: é nisso que os 55% estão votando? Pra eles, não interessa os meios, basta apenas que o cartão do Bolsa Família esteja recarregado no inicio do mês que vem? Basta que o Estado fique maior para cada vez mais gente ter emprego estável pro resto da vida, sem se importar em como se paga a conta?

Se é assim, se o povo vota por isso – e pode ser – não tenho do que reclamar...

Podem me chamar de conspiracionista, mas vejo traços totalitários nesse governo. Mas é bom lembrar que democracia é condição para justiça social e não o contrário.

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Atualização: Depois de escrever esse post, li um bom texto de Demétrio Magnoli, no Estadão, alinhado com o que escrevi aqui.

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Atualização 2: Reinaldo Azevedo também fala sobre a elite 'esclarecida' vs o déspota 'esclarecido' e a ignorância do povo no meio disso tudo. Aqui.

Um comentário:

  1. Não é só a economia... é tipo economia com peso 8 e todas as outras variáveis com peso 2. :-)

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