terça-feira, 23 de setembro de 2014

Primum non nocere

Em um dos rascunhos públicos para seu último livro Antifragile, Nassim Taleb argumenta:

Há também o elemento do engano associado com o viés de intervenção, acelerado em uma sociedade de profissionalização. É muito mais fácil vender um "Olha o que eu fiz por/para você" do que um "Olha o que eu evitei por/para você".
Eu procurei na história por heróis que se tornaram heróis por aquilo que NÃO fizeram - é difícil de observar "não-ação"; não pude facilmente encontrar nem na minha memória nem nos livros. O médico que se abstenha de operar uma coluna (uma cirurgia muito delicada e gratificante), dando a chance de curar sozinha, não será recompensado ou julgado tão favoravelmente como o médico que faz a cirurgia que parece indispensável, trazendo [um falso] alívio para o paciente ao expô-lo a riscos e grandes recompensas financeiras para si mesmo. (...). O gerente corporativo que evitou uma perda não será facilmente recompensado. [tradução livre].
 A sabedoria milenar já avisa: Primum non nocere. First do no harm.

Eis, na verdade, um dos pilares da disposição conservadora: prefiro o mal que conheço ao mal que não conheço.

O fenômeno social que acontece em São Paulo, o haddadismo (só o Brasil mesmo pra ter imprensa governista e torcida organizada pra prefeito...) é a antítese disso. Nem os integrantes da TOFH (Torcida Organizada Fê Haddad, uma homenagem à zambininha) julgam como 'boas' as intervenções feitas em São Paulo. O único argumento é 'ainh... pelo menos ele fez alguma coisa...'.

Pois é. Sempre dá pra fazer alguma coisa. E piorar.


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