Acho que chega um momento na vida de reflexão de toda pessoa no qual ela se pergunta ‘qual é a dessa vida...?’. Seja por uma
tristeza pessoal muito grande, seja por uma sensação de injustiça generalizada.
Por que o mundo é ruim se Deus é bom?
Por que Deus permitiu a existência do
Mal?
Pessoalmente, tive o pico desse sentimento ao longo desse
ano. Estudei mais, entendi que essa não é uma Vida de Justiça, e sim de
Misericórdia. Mas aí, veio um sentimento perigoso: o de ‘apequenamento’, de
‘desimportância’ dessa vida. Cheguei a conversar com uma grande amiga, baita
psicóloga jungiana, que me apresentou o conceito de metanoia, a ‘crise de meia
idade’, especialmente pra alguém que já se formou, já trabalha há bom
tempo, já é casado, já tem 2 filhos... E agora, o que fazer desse ‘restinho de
vida’ que me sobra? Procurei mais ajuda: conversei com um padre amigo, busquei
outros sermões. Disseram-me: essa vida é tão importante que o Próprio Deus resolveu viver nela.
E acho que cheguei numa resposta. [Tenho a impressão que esse é um tipo de pergunta-resposta que vai mudando ao longo de toda vida; tenho a impressão que vou reler esse texto no futuro e me sentir meio simplista...] Enfim...
Essa vida é como o dito popular: ‘seu caráter é o que você
faz quando não tem ninguém olhando’. O Bem feito apenas para chamar atenção
perde um pouco do Encanto. É auto-marketing, não o Bem em si. Como Jesus diz no
Evangelho: quando jejuar, não fique com cara amarrotada mostrando sofrência;
quando orar, não grite para ser ouvido; que a mão direita não saiba quando a
mão esquerda doou... Se nos fosse dada a evidência do Céu e do Inferno, como
distinguir quem faz o Bem porque simplesmente é Bom daqueles que fazem o Bem por mero
medo do Inferno? Ou seja, essa vida é nossa oportunidade de mostrar se somos
Bons por convicção, por crença, por simplesmente achar que o Bem é o Bem,
independentemente da certeza de recompensas. Embora nossa fé diga, sim, que
haverá recompensa: a vida eterna no Céu (vis a vis a vida pra sempre no
Inferno).
O sofrimento, a tristeza, a resistência à injustiça são
provações que temos que passar pra chegar lá.
E aí, sim, poderemos viver num
mundo sem o Mal.
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