O Marxismo e sua "igualdade na linha de chegada"
faliram. Só no Brasil e em mais uns 2 ou 3 países no mundo, isso ainda é levado
a sério. Nenhum ser pensante ainda desconsidera a necessidade e a virtude do
esforço.
A partir dessa decadência, a alternativa mais decente que
surge à esquerda é a busca da igualdade na "linha de partida", embasada pela "Teoria de Justiça" de John Rawls, muito influenciado por Immanuel Kant. Grosso modo, são os
social-democratas.
A ideia é cativante: como ser contra a "igualdade de
oportunidades"? Pois bem, a realidade o é.
Normalmente associamos a desigualdade na linha de partida com desigualdade financeira. Entre outros, Michael Sandel, em seu "Justiça - O que é fazer a coisa certa?", expõe que existe uma outra grande desigualdade na partida: o talento nato. Ele usa o clássico exemplo de Michael Jordan: como "igualar" a linha de partida do Jordan com um outro moleque qualquer que queira jogar basquete profissional, por exemplo? O raciocínio leva à distopia de Harrison Bergeron (filme aqui): um gago no Jornal Nacional, uma bailarina com uma bola de chumbo no pé, um gênio com um headfone fazendo um barulho alto e chato para evitar que pense... Todos igualados na mediocridade.
O erro no argumento de exigir que todos "larguem do
mesmo ponto de partida" é a comparação com a raia ao lado. A vida não é
uma corrida de 100m; é uma maratona. A vitória não é chegar em primeiro; é
apenas chegar. Ou nem isso; talvez seja apenas correr. E com isso não estou "desmerecendo a meritocracia". É
necessário um baita esforço para (simplesmente) chegar. E será mais belo ainda se você conseguir entregar o
bastão pra próxima geração num lugar à frente do que aquele que você recebeu,
INDEPENDENTEMENTE da raia ao lado, numa corrida sem fim.
Nesse ponto do argumento, sem prejuízo da argumentação
para ateus, permito-me uma passagem pelo Cristianismo (em especial, Cristianismo Puro e Simples, de C S Lewis): a quem muito é dado, muito será
exigido. Um analfabeto que consegue alfabetizar seus filhos talvez tenha
avançado muito mais na maratona do que um ricaço que vira professor e alfabetiza
centenas de alunos. Cada um com seu talento, cada um com sua corrida.
O problema de querer igualdade na linha de partida é que a
natureza simplesmente não é assim. Pode chamar de acaso, se assim preferir (eu chamo).
Você pode até xingá-lo, mas não pode negá-lo. Nem culpar os sortudos por
sê-los.
O maior inimigo do esquerdismo é a realidade.