terça-feira, 13 de outubro de 2015

A falácia da "linha de partida"

O Marxismo e sua "igualdade na linha de chegada" faliram. Só no Brasil e em mais uns 2 ou 3 países no mundo, isso ainda é levado a sério. Nenhum ser pensante ainda desconsidera a necessidade e a virtude do esforço.

A partir dessa decadência, a alternativa mais decente que surge à esquerda é a busca da igualdade na "linha de partida", embasada pela "Teoria de Justiça" de John Rawls, muito influenciado por Immanuel Kant. Grosso modo, são os social-democratas.
A ideia é cativante: como ser contra a "igualdade de oportunidades"? Pois bem, a realidade o é.

Normalmente associamos a desigualdade na linha de partida com desigualdade financeira. Entre outros, Michael Sandel, em seu "Justiça - O que é fazer a coisa certa?", expõe que existe uma outra grande desigualdade na partida: o talento nato. Ele usa o clássico exemplo de Michael Jordan: como "igualar" a linha de partida do Jordan com um outro moleque qualquer que queira jogar basquete profissional, por exemplo? O raciocínio leva à distopia de Harrison Bergeron (filme aqui): um gago no Jornal Nacional, uma bailarina com uma bola de chumbo no pé, um gênio com um headfone fazendo um barulho alto e chato para evitar que pense... Todos igualados na mediocridade.
  
O erro no argumento de exigir que todos "larguem do mesmo ponto de partida" é a comparação com a raia ao lado. A vida não é uma corrida de 100m; é uma maratona. A vitória não é chegar em primeiro; é apenas chegar. Ou nem isso; talvez seja apenas correr. E com isso não estou "desmerecendo a meritocracia". É necessário um baita esforço para (simplesmente) chegar. E será mais belo ainda se você conseguir entregar o bastão pra próxima geração num lugar à frente do que aquele que você recebeu, INDEPENDENTEMENTE da raia ao lado, numa corrida sem fim.

Nesse ponto do argumento, sem prejuízo da argumentação para ateus, permito-me uma passagem pelo Cristianismo (em especial, Cristianismo Puro e Simples, de C S Lewis): a quem muito é dado, muito será exigido. Um analfabeto que consegue alfabetizar seus filhos talvez tenha avançado muito mais na maratona do que um ricaço que vira professor e alfabetiza centenas de alunos. Cada um com seu talento, cada um com sua corrida.

O problema de querer igualdade na linha de partida é que a natureza simplesmente não é assim. Pode chamar de acaso, se assim preferir (eu chamo). Você pode até xingá-lo, mas não pode negá-lo. Nem culpar os sortudos por sê-los.

O maior inimigo do esquerdismo é a realidade.